segunda-feira, 25 de junho de 2012

Fé e trabalho



 
O trabalho é lei da vida.
Sem atividade, o corpo definha e o Espírito se amolenta.
Para demonstrar a importância do labor, em dado momento Jesus afirmou:
Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também.
O Evangelho constitui um roteiro de vida equilibrada e saudável, não apenas um repositório de máximas de moral.
Saber-se útil é essencial à psicologia humana.
A criatura sem atividade produtiva carece de sentido existencial.
Tende a adoecer, física e psicologicamente.
Entretanto, o gosto por prolongados descansos persiste marcante na Humanidade.
Mesmo entre os religiosos, por vezes, o trabalho é tido à semelhança de uma punição.
Muitos afirmam desejar morrer para descansar.
Ou sinalizam, de variadas formas, considerar a morte uma forma de descanso.
O ócio seria um prêmio, um objetivo a ser perseguido.
Ocorre que essa linha de pensamento não encontra base na doutrina de Jesus.
A Espiritualidade Superior afirma não possuir interesse na incorporação de devotos famintos de um paraíso feito de preguiça.
Na Terra, mesmo a erva tenra deve produzir consoante objetivos superiores.
Os pequenos animais, guiados pelo instinto, cumprem o papel que lhes cabe.
Nessa linha, o que não deverá produzir a magnífica inteligência do Espírito encarnado?
Grande é a tarefa depositada nas mãos dos homens cuja inteligência é iluminada pela fé.
Fica-lhes muito mal reclamar da vida e desejar trabalhar o mínimo possível.
Seu papel é o de agentes da Providência.
Necessitam laborar com alegria para que o mundo se torne melhor.
Precisam ensinar os ignorantes, amparar os indigentes e os caídos.
Esse convívio com seres de valores diferentes não constitui uma punição ou uma desgraça.
O solo do planeta representa o abençoado círculo em que podem e devem colaborar com o Senhor da Vida.
Trata-se de seu educandário e de sua oficina.
Algum dia, lograrão assimilar bem a lição do serviço fraterno.
Então, terão acesso a mundos mais depurados e felizes porque estarão habilitados a neles desempenhar tarefas mais sofisticadas.
A porta Divina não se abre a Espíritos que não se sublimaram pelo trabalho incessante.
A plenitude íntima é condição própria de quem aprendeu a cooperar com Deus, no serviço ao próximo.
A figura de Jesus não pode ser invocada para justificar anseios de repouso prematuro.
Ele apenas atingiu as culminâncias da ressurreição após subir ao Calvário.
Ainda antes, ensinou e exemplificou o bem, de modo incansável.
Dentre suas lições, avulta a da fé que remove montanhas.
Então, não adianta reclamar ingresso em mundos felizes, antes de melhorar o planeta em que se habita.
Para seguir rumo a instâncias luminosas, é preciso acender a própria luz.
Ocorre que a luz do coração somente se acende em amor fraternal, à frente do serviço.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2 do livro No
Mundo Maior, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco
Candido Xavier, ed. Feb.

Em 21.06.2012.

sábado, 23 de junho de 2012

O QUE É SER ESPÍRITA?




O QUE É SER ESPÍRITA?
(Orson Peter Carrara)

Se consultarmos o dicionário ele nos indicará tratar-se de pessoa vinculada ao
Espiritismo. Se perguntarmos a quem não é espírita, uns ironizam (dizendo por exemplo que
os espíritas "mexem" com os mortos), outros temem, outros permanecem indiferentes. Se
indagarmos aos próprios espíritas, uns dirão que é ir ao Centro, tomar passe, ouvir ou fazer
palestras, ler livros. Outros dirão que é fazer caridade. As respostas serão várias, mas todas
incompletas. O melhor então é buscarmos nos livros da própria Codificação, a partir de O
Livro dos Espíritos.
Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador apresenta uma
classificação dos adeptos:
a) Os que acreditam;
b) Os que acreditam e admiram a moral espírita; e
c) Os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os
verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos.
No livro O Céu e o Inferno, que apresenta coletânea de inúmeras comunicações
de espíritos nas mais diversas condições, há uma manifestação interessante de espírito
que se encontra classificado como Espírito feliz, fruto de uma conduta digna quando na
Terra. Trata-se do espírito identificado pelo nome de Jean Reynaud. Indagado se na vida
física ele professava o Espiritismo, respondeu: "Há uma grande diferença entre professar e
praticar. Muita gente professa uma Doutrina, mas não pratica. Pois bem, eu praticava e não
professava."
Professar significa reconhecer publicamente, declarar-se adepto, dizer de si mesmo,
fazer propaganda da idéia. Pois bem, aí está a chave da questão. A situação de felicidade do
Espírito devia-se à vivência dos princípios do Espiritismo, mesmo sem conhecê-lo.
Breve consulta ao capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo no item O
Homem de Bem e Os Bons Espíritas, faz compreender que as características coincidem com
os preceitos morais que justificam a denominação de espíritas cristãos, conforme definição
do próprio Codificador, pois aí surge a figura do espírita praticante.
A questão pode ser fechada com trecho do Espírito Simeão, constante do capítulo
X - do mesmo livro citado no parágrafo anterior -, item 14. No último parágrafo, diz o
Espírito: "(...) Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde fazer e
não penseis senão uma coisa: o bem que podeis realizar. (...)".
Ora, o trecho transcrito bem indica o programa de vivência espírita. Para colocá-lo em
prática, há que se esforçar para vencer as más tendências e ainda ocupar-se de fazer o bem.
Eis o que é verdadeiramente ser espírita: a adoção dos preceitos morais como diretrizes da
própria conduta ou o esforço para a eles se adaptar. O ser espírita é mais uma questão de foro
íntimo, que de aparências externas.

terça-feira, 5 de junho de 2012

VIDA



 
A vida humana é cheia de surpresas, de altos e baixos. Um dia estamos felizes. No outro, a tristeza nos chega porque perdemos o emprego, o salário não aumentou, a tarifa do ônibus subiu de preço.
Sentimo-nos tristes porque queríamos assistir a uma peça de teatro e não conseguimos o ingresso. Programamos um belo passeio no final de semana e a chuva resolve aparecer, com todo seu vigor, acabando com nosso programa.
Por todas estas coisas e outras tantas, muitas vezes nos queixamos da vida e nos sentimos cansados de viver.
Seria interessante que pensássemos um pouco a respeito do valor extraordinário da vida, do presente maravilhoso que é viver.
A respeito, encontramos um belo poema de Gabriel Garcia Marquez que diz mais ou menos assim:
Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria em tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais parassem. Acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e saborearia um bom sorvete de chocolate.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes: “Te amo, te amo, te amo.”
Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado de amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar pela vida.
A uma criança lhe daria asas. Mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, homens.
Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre.
Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro, de cima para baixo, para ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês. Ah! Se Deus me desse um pedaço de vida.
*   *   *

Viver no mundo é experiência inigualável. A cada dia, durante vinte e quatro horas, se renovam as oportunidades de progresso e felicidade.
Perceber que elas nos são colocadas, diariamente, para o aprendizado do amor, o exercício do bem e o crescimento individual, cabe a cada um.
Comecemos observando o sol a despontar e pensemos que Deus está a nos brindar, neste dia, com a bênção da vida para que possamos, outra vez, experimentar o convívio com nossos irmãos, o aprendizado intelectual que nos engrandece e, especialmente, a chance de ser feliz.
 
Redação do Momento Espírita, com texto
de Gabriel Garcia Márquez, colhido na internet.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Todos podem ser generosos



 Quando tinha treze anos, Severino saiu de Olho D’água Seco, no sertão de Pernambuco, para morar com um tio na capital, Recife.
Certo dia perdeu-se na cidade grande. Sem saber ler, não conseguia encontrar o caminho de volta olhando as placas e o nome das ruas. Era como se fosse cego, diz.
Quando, afinal, achou o endereço, pediu ao tio para lhe comprar uma cartilha de alfabetização. Sozinho, aprendeu a ler e a escrever. Um ano depois, voltou ao sertão e tratou de ensinar o que sabia à irmã.
Não era muito, mas era o bastante. Depois, improvisou uma escolinha para alfabetizar outros moradores. Já tinha ensinadoduzentas e trinta e uma pessoas a ler quando deixou Pernambuco, há vinte e quatro anos, por uma vida melhor em São Paulo.
Durante a viagem, ensinou mais doze conterrâneos a assinar o próprio nome.
Gosto de passar adiante tudo o que aprendo. Não vou levar nada para o caixão. Então tenho de compartilhar o que sei com quem precisa, senão esse conhecimento morre comigo, conta ele.


*   *   *
Estamos acostumados a reconhecer a generosidade em gestos grandiosos como o de Bill Gates, fundador da Microsoft e um dos homens mais ricos do planeta, que doouvinte e nove bilhões de dólares à instituição de combate à pobreza que fundou com a mulher, Melinda.
Mas a história de Severino não deixa dúvida de que a generosidade pode ser praticada mesmo por quem tem pouco ou quase nada – e de várias formas, muito além de dar bens que sobram.
Alguns exemplos são:Antônio, um desembargador de justiçaque conta histórias para crianças num hospital. Élcio, que incentiva a solidariedade na empresa que lidera,e ajudou a fazer dela um dos melhores lugares do mundo para trabalhar.
Juliana e Marina, quefazem as pessoas rir sem pedir nada em troca.
Danielle, que aos sessenta e três anos, ajuda milhares de deficientes visuais a ter acesso a livros.
Todos podemos ser generosos, e se desejamos realmente um mundo melhor, começar pela benevolência nas pequenas coisas, nos gestos singelos, é fundamental.
Em O Livro dos Espíritosencontramos a Espiritualidade respondendo que o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus é:
Benevolência para com todos, indulgência com as imperfeições alheias e perdão das ofensas.
Assim, percebemos que, no coração generoso, benevolente, está a essência da caridade como nos ensinou o Mestre.


*   *   *
Você já foi generoso hoje?
Proponha a você mesmo este desafio. Faça este convite. Pratique um ato, pequeno que seja, de generosidade, no dia de hoje e veja os resultados.
Não o resultado do reconhecimento – pois ele quase sempre não vem, e não deve ser nosso foco – mas o resultado em sua alma, em sua alegria interior.
Não há quem resista ao poder sedutor da benevolência. Sempre saímosdiferentes, mais leves, mais felizes.
Dê do pouco que tem, mas dê. Não é necessário ter muito para dar. Dar-se é, certamente, muito mais valioso do que dar coisas.
Doe-se ao outro. Doe-se ao mundo. Doe sua vida ao amor e ganhe a felicidade tão sonhada!
 
Redação do Momento Espírita com base em artigo da revista
Sorria, v.1, de março/abril de 2008, e no item 886, de O livro dos
Espíritos, de Allan Kardec, 
ed .Feb.